22.6.09

as virtudes da timidez

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Enquanto colocava alguma ordem na confusão de papéis que vou amontoando em cima da minha escrivaninha, encontrei este recorte que já havia esquecido que tinha e que hoje publico aqui. Revejo-me em cada uma das suas definições, apesar de tudo o que mudou.

«São os tímidos, os tímidos convictos, que têm a minha admiração. Não se impõem aos outros à força; quando falam, geralmente é porque têm qualquer coisa de importante para dizer, ouvem as nossas histórias até ao limite da paciência e são o ombro em que mais apetece chorar. Normalmente, são muito mais sábios porque perderam mais tempo a observar o que se passa à volta - e conseguiram fazê-lo sem serem notados. Mas, acima de tudo, têm um sorriso que os extrovertidos geralmente não têm. Não é frequente, e por isso tem muito mais graça e depois começa num canto da boca e vai-se transformando num sorriso só aos poucos e poucos. Uma grande vitória é quando conseguimos que deixem durante um bocadinho de ser tímidos, ou que deixem de ser tímidos connosco - não vale usar copos para os desinibir. Para ser especial, é preciso que o tímido se sinta tão seguro que seja mesmo ele próprio. Que fale dele e das coisas que o chateiam, faça aqueles comentários cínicos de quem afinou muito bem as palavras antes de as dizer. Os tímidos escusam de trazer flores ou presentes no dia de São Valentim. Basta aparecerem!» in Noticias Magazine, Isabel Stilwell

Durante muito tempo não consegui ver virtudes na timidez.
Que virtude poderia haver no facto de todos acharem que somos um 'bicho do mato', apenas porque estamos quietos no nosso canto? Deixamos que outros se evidenciem pelas piadas, conversa de ocasião, gargalhadas e figuras tristes e pensamos que um dia também vamos conseguir ser assim. Esse dia nunca chega e percebemos que não vai chegar porque definitivamente não somos assim! E com o tempo isso deixa de ser o fim do mundo!
Aceitamos aquilo que nos caracteriza, mas só depois e porque alguém nos diz que não há mal em ser assim. Num de repente, passamos a levitar. Arrancamos finalmente esse sentimento do nosso peito e tudo se ilumina subitamente. Todos percebem que algo mudou. E mudou de facto, deixamos que querer ser para sermos nós próprios e, de uma vez por todas, sem medos!

1 comentário:

  1. Posso subscrever, palavra por palavra, todo o post? :)
    Tanto o texto da Isabel Stilwell como o teu são tão o espelho de mim, de cada um de nós.
    O teu último parágrafo - perfeito! - é o segredo. E é tão bom quando o descobrimos no único sítio onde pode estar: dentro de nós. Numa caixinha chamada "auto-confiança".
    Bjinho

    (tens o artigo todo da Isabel Stilwell?)

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