24.4.09

Na poupança é que está o ganho

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«De acordo com as últimas previsões do FMI, a taxa de desemprego em Portugal vai subir em 2010, dos 7,8 por cento actuais, para 11 por cento. São mais 180 mil pessoas que poderão ficar no desemprego durante os próximos dois anos. Perante um cenário deste tipo, é normal que se tomem precauções. E, nos casos em que é possível, os portugueses estão a poupar.»

Infelizmente não me parece que os "casos em que é possível" sejam muitos. Não é que os portugueses não queiram, simplesmente não conseguem. As contas são de sumir na hora de sanar os compromissos assumidos. Os portugueses habituaram-se a fazer 'contas de cabeça' na hora de contrair créditos, seduzidos pelas ofertas constantes de uma sociedade de consumo. A ausência de educação financeira e gosto pelo consumismo - dois factores que, juntos, trazem graves consequências, segundo Natália Nunes da DECO, que viu o número de pedidos de ajuda de sobreendividados duplicar em comparação com o mesmo período de 2008.
A hora é de sentar, pegar na máquina de calcular há muito esquecida numa gaveta qualquer e 'fazer contas à vida' mas de forma consciente tentando cortar onde for possível. Às vezes não é tão complicado como pensamos. Que o diga Raquel Almeida, jornalista, que durante um mês testou as principais teorias de poupança e conseguiu poupar 257 euros, veja como aqui.

Não há como negar que se trata também de uma questão cultural. Está profundamente enraizado em muitos o modelo 'chapa ganha, chapa gasta' e só agora que 'ouviram os trovões é que se lembraram de Santa Bárbara'. Talvez a crise sirva para mudar mentalidades e incutir, pela primeira vez nestes, a necessidade de poupar. Para os outros, o que o Euro levou está finalmente a ser-lhes devolvido pelas descidas radicais das taxas de juros por parte do BCE, contribuindo desta forma para um maior rendimento disponível de poder ser aplicado.

Já cortei, à semelhança de Raquel Almeida, naquilo que era possível. Mas há aqueles pequenos luxos de que não vou abdicar. Tenho noção de que são luxos, mas também se cortamos em tudo, onde ficam os pequenos prazeres da vida?

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