13.3.09

Página 161, 5ª Frase (Parte II)

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Faltam precisamente 100 páginas para chegar ao fim do livro, para chegar à verdade.
Tenho por hábito (mania diria mesmo!) de envolver o livro que estou a ler numa capa de papel, o que estiver à mão, para o proteger de riscos e outras maldades, por considerar um livro um objecto sagrado.
Dado que desta forma não é possível saciar no imediato a curiosidade de quem olha, vem de lá a pergunta: O que é que estás a ler? em seguida a resposta e a reacção.
Regra geral, associam o título do livro aos segredos de Fátima mas, não vão estar enganados, perguntam a confirmar. Após obterem a confirmação de que não estavam enganados, é bem visível a expressão de, e aqui é difícil encontrar o termo que melhor define esta expressão, arrisco o termo indiferença seguido do termo desinteresse em continuar a conversa rematando a mesma com um ah prolongado.
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Não deixo de pensar:
1) Se a reacção foi apenas ao tema controverso do livro;
No que toca a religião, não há discussão possível. As pessoas, regra geral, não gostam de ser chamadas a discutir abertamente aquilo em que acreditam, sejam ou não católicas. Limitam-se a manifestar a sua indignação perante determinado assunto ou situação em que a igreja esteja envolvida por considerarem a sua posição absurda (p. ex. o caso da excomunhão da mãe e dos responsáveis pelo aborto da menina de 9 anos noticiada a semana passada). Há muitas verdades, e a da igreja há muito que deixou de ser considerada absoluta para ser aceite sem qualquer contestação.
2) Se a reacção teria sido a mesma se tivesse dito que estava a ler o livro “Uma Breve História do Tempo", do astrofísico britânico Stephen Hawking;
O tema não é polémico, o livro já não anda nas bocas do mundo e também já não consta na prateleira de destaque de uma qualquer livraria, pelo que faz parte do lote dos livros esquecidos ou nunca conhecidos da maior parte dos portugueses. Quer queiramos quer não, só lhes fica no ouvido o livro adaptado a novela (caso do Equador de Miguel Sousa Tavares); o livro alvo de uma colossal campanha de marketing (caso de O Segredo de Rhonda Byrne); o livro extremamente polémico (caso de O Código da Vinci de Dan Brown); o livro fenómeno da literatura light (caso dos livros de Margarida Rebelo Pinto) e outros por um motivo igualmente relevante. Não pretendo ser exaustiva nem tecer qualquer crítica ao facto. Tudo o que «arraste» os portugueses para a leitura é bem-vindo!
3) Ou se acharam que estou não só a perder [o meu precioso] tempo a ler, como ainda tenho de o desperdiçar com um livro que não lhes diz absolutamente nada, que não vão ler com certeza para poderem depois, eventualmente, dar a sua opinião sobre o mesmo?
O que é que posso dizer?
Não quero parar de me surpreender...seja pela positiva ou não!
Ninguém me tira o instante em que embarco na aventura de escolher um livro sem conhecer o autor, a obra ou a opinião da crítica. Abonam a favor da escolha, não só o tema do livro, mas também a capa que atrai, a contracapa que levanta a ponta do véu, a letra no interior que nos convida a ler, o acaso que escolhe a página que vai ou não incitar-nos a saber um pouco mais de um relato que ainda é uma incógnita. O conjunto irá ditar se vou ou não acompanhada de um sorriso nos lábios para casa.

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