10.2.09

[Cinema] O Estranho Caso de Benjamin Button

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O relato desta estranha história começa a partir do momento em que, num quarto de hospital, uma mulher moribunda pede à filha (Julia Ormond) que lhe leia um diário. Entre aquelas páginas estão pedaços de um passado, de uma juventude, as peripécias de uma vida fora de órbita entrelaçadas com pequenos episódios de uma grande história de amor, vivida entre a sua mãe e um personagem de seu nome Benjamin Button (Brad Pitt).
Um instante de partilha, uma comunhão de sentimentos entre as duas, necessário ante um final que se aproxima e a agitação de fazer uma última revelação.

Benjamin nasce no final da Grande Guerra. Aparentemente normal a julgar pelo tamanho e pelo choro de um recém-nascido. No instante seguinte vemos o pai (Jason Flemyng) desnorteado e com o horror nos olhos, numa correria desenfreada, que só acaba quando este decide abandonar o pequeno Benjamin à porta de uma residência de idosos. Queenie (Taraji P. Henson) encontra este pequeno ser desafortunado, castigado à nascença pela sua aparência e dedica-lhe todo o seu amor, acabando este por encaixar na perfeição no seio daquela grande família, da qual passa a fazer parte.
Contra todos os prognósticos, Benjamin vai crescendo em sentido contrário a todos os outros, o que o impede de estabelecer relações duradouras. Enquanto ele rejuvenesce, todos os outros perecem.
E é neste sentido que conhece Daisy (Cate Blanchett) neta de uma das residentes do lar, por quem Benjamin sente desde logo uma ligação especial.
Quando Benjamim decide partir, o seu destino assemelha-se ao de todas as pessoas ditas normais, uma busca para descobrir o mundo e a si próprio. Leva Daisy consigo ao prometer enviar-lhe um postal de todos os sítios por onde tenha passado.
Regressa alguns anos depois e vê-se confrontado com a imagem do pai que aparece numa última tentativa de aproximação (que não deixa de tentar ao longo dos anos) procurando a redenção para os seus actos. O espectro da mortalidade regressa para lhe levar mais aquele personagem, mas e apesar das contradições próprias da circunstância, concede-lhe esse momento – ele parte finalmente em paz, deixando-se simplesmente ir.
A partir daqui assistimos aos desenvolvimentos da história de amor com os revés próprios deste e da idade.
O momento impregnado de fatalismo, aquele que dava mostras a cada página, o culminar de todas as emoções, está prestes a colocar o espectador à prova.
O sentimento de perda, a ausência definitiva uma vez que Benjamin se recusa, no final, a ser um fardo para aqueles que ama, visto não haver fuga possível ao confronto da idade.
O tempo segue o seu curso e apesar das circunstâncias extraordinárias de quem o vive, o inevitável há muito antecipado acontece, naturalmente.
É apenas uma fracção de segundo, sem sentido cronológico, uma vez que nascer ou morrer deixa de fazer sentido, apenas o intervalo é recordado, para sempre.

As deixas que ficaram no ouvido (não estão no livro, já procurei!):
>> For what its worth it's never too late, or in my case too early to be whoever you want to be. There's no time limit. Start whenever you want. You can change or stay the same. There are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it; I hope you make the best of it. I hope you see things that startle ya. I hope you feel things that you've never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you are proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

>> “Along the way you bump into people who make a dent on your life. Some people get struck by lightning. Some are born to sit by a river. Some have an ear for music. Some are artists. Some swim the English Channel. Some know buttons. Some know Shakespeare. Some are mothers. And some people can dance.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

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